Alta de impostos compromete operação de transportes do Rio e eleva para R$7.2 milhões necessidade de aporte mensal no BRT
Enquanto o setor de transportes sinaliza falta de recursos para encher os tanques dos ônibus no Rio, Prefeitura e Governo Federal sinalizam mais sobrecargas de impostos. Nesta segunda-feira, a Petrobrás anunciou a quarta alta no preço do diesel só este ano. O novo aumento, de 5,03%, representa impacto mensal de mais R$770 mil no orçamento dos consórcios operadores. Só para o BRT, a fatura com combustível sobe R$200 mil.
Na manhã desta segunda-feira, o porta-voz do Rio Ônibus e do BRT, Paulo Valente, destacou que o sistema BRT carece de aporte de R$7 milhões mensais na receita para oferecer um serviço com a qualidade que o cidadão precisa. Minutos depois, com o anúncio do reajuste do diesel feito pela Petrobrás, o valor necessário para performance adequada saltou para R$7.2 milhões.
Já a Prefeitura apresentou propostas de cortes de renúncias fiscais, que também afetariam diretamente o setor de mobilidade urbana. O benefício foi proposto no período da licitação das linhas cariocas, quando foi acordado que o valor economizado com o imposto municipal seria diretamente repassado ao passageiro através da tarifa. Ou seja, caso o imposto volte a vigorar, o percentual de isenção de 2% poderá doer no bolso do cidadão, que pagaria média de R$0,10 a mais em cada passagem.
– Em tempos de extrema necessidade de socorro a este serviço vital à retomada da economia da cidade, os governos Federal e Municipal lançam uma verdadeira bomba sobre o setor. Não há dúvidas sobre quem perde com isso: o usuário do transporte coletivo. Seja com aumento nos preços da passagem ou com a degradação do sistema. Em todo o mundo, bem como em inúmeras capitais brasileiras, o transporte público recebe subsídios para manutenção do serviço, enquanto no Rio, o poder público mantém operação que depende exclusivamente da população pagante para sobreviver – explica Paulo Valente.