Idade média da frota passa de 3,4 para 6,3 em dez anos. Fabricantes anunciam dificuldades na indústria
As vendas de ônibus novos estão estagnadas, disparando a idade média da frota. No Rio, a redução no número de aquisições de coletivos caiu 90% de 2012 para 2020. Em 2021, nenhum ônibus novo foi comprado. Esta é a realidade de todo o país, comprovada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus, que emitiu carta aberta ao mercado, relatando queda nas vendas e alta no custo de insumos da indústria.
Segundo a entidade, os preços do aço e dos componentes de plástico sofreram reajuste de 115%; freios, 154%; vidros, 48%; eletrônicos, tintas e químicos, 30%. Em outubro do ano passado, as montadoras sentiram o impacto da baixa produção com o fechamento da Marcopolo, em Duque de Caxias, então maior fabricante de ônibus do país. O episódio rendeu ainda a demissão de 800 funcionários diretos.
Em 2012, quando a idade média da frota carioca era de 3,4 anos, foram comprados 1.602 ônibus novos. De 2013 até 2016, a média de aquisição anual foi de 1.043 coletivos. A partir de 2017 o setor começou a sentir os impactos da crise financeira no país, registrando 433 novos carros, seguidos de 403 e 484 em 2018 e 2019, quando a idade da frota já batia 5,67 anos. Em 2020, com o colapso econômico provocado pela pandemia, o carioca sentiu cheirinho de novo em apenas 174 ônibus, os últimos comprados na cidade.
– Hoje os ônibus têm idade média de 6,3 anos. Com redução de 50% no número de passageiros desde março do ano passado, muitas empresas perderam até a capacidade de custeio de seus insumos básicos, incluindo combustíveis e salários. Queremos atender a população e garantir qualidade aos deslocamentos dos cariocas. Mas como proporcionar este cenário com a metade da receita? É preciso que o poder público compreenda que este serviço essencial precisa urgentemente de recursos externos para cobrir o desequilíbrio e continuar operando – explica Paulo Valente, porta-voz do Rio Ônibus.
Ao completar um ano de pandemia e isolamento social, o Rio Ônibus registra redução de 3,5 milhões de embarques diários para 1,8 milhão. O reflexo na arrecadação financeira é de uma perda de R$1,2 bilhão, o que ameaça a operação e gera incertezas sobre o futuro da prestação do serviço.