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Tarifa zero é justiça social

A discussão sobre a viabilidade e as vantagens da implantação da tarifa zero no transporte público vem ganhando força, e é natural que esse debate desperte opiniões antagônicas. O que não se pode ignorar é que esse modelo de financiamento já é uma feliz realidade em muitas cidades do Brasil e do exterior. Como também não se pode ignorar que cobrar tarifas elevadas de cidadãos menos favorecidos é uma forma perversa de exclusão social.

A tarifa de ônibus na capital fluminense e em muitos municípios brasileiros representa um ônus considerável para as famílias de menor renda. Cada centavo gasto tem como consequências, entre outras, dificuldades para acesso ao emprego, à educação, à saúde e ao lazer. E quando se caracteriza a tarifa zero como algo populista, não está sendo considerado que o atual modelo de custeio dos transportes públicos gera distorções numa metrópole como o Rio. O incentivo ao transporte clandestino e o aumento do número de mototáxis e de veículos de aplicativos são tristes consequências de uma política que tem impacto negativo sobre a mobilidade urbana.

Experiências positivas em Maricá (RJ) e Caucaia (CE) revelam que a tarifa zero é uma política pública viável, com ganhos sociais e aumento da atividade econômica local. Quando bem desenhada e financiada de maneira técnica e transparente, é uma opção factível. E acreditamos que poderá ser implantada com sucesso também em capitais como Rio e São Paulo, entre outras.
No Rio, políticas de gratuidade para grupos específicos, vale-transporte e bilhete único são adotados sem o aporte financeiro adequado por parte do poder público. Assim, grande parte do custo é absorvido pelos passageiros pagantes e pelos operadores de transporte, gerando um círculo vicioso, com tarifas mais elevadas e empresas fragilizadas financeiramente.

O transporte público é um direito constitucional. E o Governo Federal pode e deve exercer um papel crucial para garantir sistemas de mobilidade urbana integrados e socialmente justos. Por que não estruturar um sistema único de mobilidade, com diretrizes nacionais e financiamento compartilhado? Assim, o transporte deixaria de ser uma “mercadoria” para poucos, tornando-se um bem público para todos.
O Rio Ônibus é amplamente favorável à adoção da tarifa zero. Acreditamos que falar de ônibus sem catraca é falar de futuro, acessibilidade, dignidade e mobilidade urbana democrática. O benefício coletivo é indiscutível, e não rejeitamos o debate técnico: reconhecemos que a sua implantação exige um planejamento bem feito, fontes de financiamento seguras, gestão eficiente e a máxima transparência.
Precisamos evitar que essa discussão seja reduzida a uma batalha de achismos. O transporte público precisa melhorar por meio de um longo processo, cumprido com responsabilidade e vontade política. Num jogo de ganha-ganha, a população, a mobilidade urbana e o meio ambiente serão os grandes vencedores.

João Gouveia, presidente do Rio Ônibus

Referência:

Gouveia, João. Tarifa zero é justiça social. O Globo. 11 Nov. 2025. Disponivel em: https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2025/11/tarifa-zero-e-justica-social.ghtml. Acesso em: 11 Nov. 2025.

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